STF já tem três votos para tornar deputada Carla Zambelli ré por dois crimes

Denúncia do Ministério Público Federal é sobre episódio em que ela perseguiu homem, em outubro, com arma na mão, em São Paulo

Emerson Fonseca Fraga, do R7, em Brasília

Três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) já votaram para tornar ré a deputada Carla Zambelli (PL-SP) por dois crimes supostamente cometidos quando ela perseguiu armada um homem em São Paulo: porte de arma de fogo sem autorização e constrangimento ilegal. O episódio ocorreu em 29 de outubro do ano passado, véspera do segundo turno das eleições, e foi gravado.

A pena máxima para os crimes cometidos pode chegar a seis anos de prisão, além de multa. O julgamento ocorre no plenário virtual do STF até 21 de agosto. Os três votos até agora foram do relator, Gilmar Mendes, e dos ministros Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia.

Se houver um pedido de vista, o julgamento é suspenso por até 90 dias. Caso ocorra um pedido de destaque, a decisão será levada ao plenário físico do tribunal, e a votação, reiniciada. Se a denúncia for aceita, Zambelli passará à condição de ré e vai responder a uma ação penal.
Um dia antes do segundo turno das eleições de 2022, Zambelli sacou uma pistola e perseguiu o jornalista Luan Araújo na rua de um bairro rico de São Paulo. À época, a parlamentar disse que tomou a atitude depois de ter sido agredida e xingada pelo indivíduo, que, segundo ela, seria apoiador do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Araújo chegou a ser encurralado por apoiadores da deputada em uma lanchonete, mas foi liberado pouco depois.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), a deputada “não detém autorização para o manejo ostensivo do armamento em via pública e em local aberto ao público contra pessoa do povo que não ensejava qualquer mal, ameaça ou perigo concreto à vida ou à integridade física sua ou de terceiro”.
Em nota, o advogado de Carla, Daniel Leon Bialski, diz que aguarda a finalização do julgamento da denúncia, mas que, “na data dos fatos, a deputada estava almoçando com seu filho quando foi xingada, ofendida, vilipendiada, afrontada e ameaçada por terceira pessoa que, inclusive, está sendo investigada por esses fatos. Acresça-se que a Deputada somente agiu dentro do exercício regular de seu Direito, e, ademais, possuía registro e porte de arma, concedido pelo poder público, portando-a naquela data em função das dezenas e diversas ameaças de morte, bem como ameaças à sua integridade física e do filho”.