Adjori busca conhecer realidade de Jornais da Argentina
Representantes da Adjori-Pr foram até a capital da Argentina, Buenos Aires, para conhecer a realidade dos jornais argentinos, principalmente, no que se refere a circulação do jornal impresso. A visita aconteceu nos dias 18 e 19 de setembro realizada por representantes do Jornal Folha de Irati e Noroeste que representaram o presidente Cidenei C Allebrandt (Alemão), a iniciativa da viagem partiu do Professor Márcio Fernandes do curso de Jornalismo da Unicentro. Além dos jornais, também as bancas de ruas foram visitadas para acompanhar como é a aceitação dos jornais que tem forte imponência no país. Participaram os diretores da Folha de Irati Nilton e Luciane e José Antonio e Alex do jornal Noroeste.
Por ser um país com fortes hábitos de cultura a leitura, os jornais ainda fazem a diferença na Argentina. Nessa curta estada pelo país dos Hermanos Argentinos foram visitados três jornais: Clarin, Lá Prensa, que são diários, e O Tiempo Argentino. Este último, um jornal impresso semanal e diariamente on-line, explica Nilton Cesar Pabis, diretor do Jornal Folha de Irati. A experiência que mais se assemelha aos jornais da ADJORI é o O Tiempo. Na forma impressa, ele é um jornal semanal, tabloide com 48 páginas e com uma tiragem de mais de 10 mil exemplares. Circula em Buenos Aires e na capital da Província La Plata.
No jornal O Tiempo fomos recebidos pela Presidente da “Cooperativa de Trabajo por Más Tiempo” Malena Winer que explicou sobre a criação da empresa. O jornal é em formato de Cooperativa. Ela conta que o proprietário deixou a empresa e os funcionários foram “abandonados a própria sorte”. Assim, decidiram trabalhar no jornal e sobreviver dele com uma forma de “autogestão”. Ao todo, são mais de 80 associados, cerca de 50 trabalham no jornal nas várias funções. “Cada um tem o salário de acordo com a função dentro da Cooperativa”, explica Malena. Na área impressa o expediente é de quinta a sábado e o jornal circula no domingo, uma tradição por lá. No restante da semana os jornalistas trabalham “home office” e produzem as matérias para o site, que é abastecido a todo momento sem vir a empresa que se localiza no centro da cidade. Quando falamos de valores que recebem, Malena explica que cada pessoa tem mais de um emprego para poder sobreviver na Argentina.
No jornal impresso não há publicidade e quando perguntamos como vem a renda, a administradora explica que os valores vêm do governo Federal, da Província e pouco da cidade. O jornal tem um conteúdo voltado para política, esportes, variedade, cultura e entretenimento. Mas percebemos uma ação mais ativa nas redes sociais e no site. Isso mostra que eles utilizam o jornal impresso para matérias de maior reflexão, e as matérias do site como as mais imediatas. Outra coisa que chama atenção é a diagramação, com fotos acima das manchetes e, também, em tamanho maior, o que ajuda a manter as características. A impressão é terceirizada e a crise no país eleva o custo desta produção. O jornal é vendido em bancas e possui assinatura.
“Os jornais diários na Argentina são jornais da nação inteira”, avalia Pabis. A forma de identificar os jornais na Argentina é pela expressão “diários”, mesmo aqueles com edições semanais. O jornal La prensa é um jornal diário de 16 páginas e muitos p/b, possui, também, a publicação dos atos oficiais. É um jornal de fatos diários, policial, esportes e falando das eleições. Um jornal de mais de 150 anos de existência.
Já o Clarin é um jornal nacional, diário, que atua fortemente na política nacional. Um jornal com tiragem ampla e 52 páginas na edição da segunda (18). “Nos diários, vemos a publicidade com papel mais importante na composição do faturamento junto com atos oficiais. Percebemos a força do jornal tanto na circulação como na formação da opinião. Os classificados, que aqui no Brasil perderam espaços para as vendas diretas nas redes sociais, ainda permanecem nos jornais diários, mostrando a importância do impresso para comunidade. Mas a editoria da política é mais forte e atuante”, relata Luciane Pabis.
O Jornal “Olé” que é do mesmo grupo do Clarin, editado na mesma cede, atua no setor esportivo, facha de leitura que se percebe bem forte na Argentina, existindo mais de um título voltado para o esporte.
Outro diário nacional é o Lá Nacion, um jornal de circulação diária de 32 paginas todo colorido. Também, trazendo muita informação e colunistas falando sobre política, esportes e variedades. Os assuntos de segurança e esportes tem peso nas editorias. Outra prova da importância do impresso é o “Avisos Fúnebres”, uma espécie de obituário aqui do Brasil. Também, os classificados são mostras da importância do jornal para a comunidade argentina.
Mas um dos testemunhos mais importantes, foi o do Sr Demétrio, que possui sua banca na famosa avenida Corrientes (a rua que nunca dorme) próximo da intercessão com a avenida Callau, no centro de Buenos Aires. Demétrio conta que o jornal é vendido até 13h, depois já não tem procura. São aproximadamente cinco títulos na banca. No domingo existem mais títulos, sendo vários semanais. “Depois da pandemia caiu muito a venda do impresso e as novas gerações estão consumindo menos”, conta Demétrio. A percepção que tivemos é que são pessoas de 30 anos a cima que consomem mais o meio jornal impresso. Demétrio conta que vende entre 30 a 40 jornais por dia na banca. Nesta avenida existem muitas bancas, mostrando que os jornais têm força dentro do país.
“A visita aos jornais argentinos oportunizou crescimento profissional através da troca de ideias e sugestões para aprimoramento do segmento impresso. No Jornal O Tiempo que trabalha desde o ano de 2016 em formato de Cooperativa, fomos muito bem recebidos pela presidente, Malena Winer”, diz José Antonio.
A experiência compartilhada pela presidente da Cooperativa que coordena o jornal O Tiempo demonstrou um novo modelo de gestão da impressa escrita. Houve ainda espaço para abordagem sobre desenvolvimento organizacional, novos produtos jornalísticos, fake news e jornalismo impresso e digital. O veículo possui muitas similaridades a grande maioria dos jornais filiados a Adjori-Pr, além do site que é atualizado diariamente.
A viagem ainda serviu para fortalecer as relações entre brasileiros e argentinos. A recepção agradável e sempre simpática dos “hermanos”, provou que a rivalidade existe apenas no futebol”, enfatizou, José Antônio Costa, do Jornal Noroeste de Nova Esperança-PR, que juntamente com o sócio, Alex Fernandes França, participou das visitas aos veículos de imprensa da capital Argentina.
Nilton fala que “Podemos tirar de experiência da visita técnica que não há uma fórmula específica para manter o impresso rodando e depende muito de cada segmento e cultura”. Vimos na Argentina uma força maior que no Brasil no impresso, mas tem a compensação num forte momento eleitoral e, também, no hábito da leitura e cultura do país. Mesmo com as dificuldades financeiras, lá ainda o leitor paga para ter informação, uma vez que os jornais são vendidos. Mas isso a cada momento está diminuindo por dois motivos: mudança cultural e a crise que assola os argentinos. O custo do jornal na banca é de $230 a $500, o que corresponde de R$2,00 a R$4.50 para um salário mínimo de aproximadamente R$500,00. A experiência da Argentina mostra que o jornal impresso tem uma sobre vida, diferente do que alguns defendem. Mas depende muito da criatividade de cada jornal encontrar o seu espaço de atuação. Vimos na Argentina que tem espaço para todos, diários e semanais. Cada um com suas dificuldades e com suas conquistas mantém a mídia impressa viva.
Para Alex, a viagem foi muito promissora, principalmente nas visitas aos jornais. Também, vimos com clareza a luta em prol do crescimento do impresso. Percebemos que a pandemia levou a população para “o digital”, mas o impresso permanece com espaço forte na Argentina. Alex Fernandes Franca conversou com Eziquel Paez, repórter da CNN, e pode avaliar um pouco da realidade local. “O monopólio de dois grupos econômicos não tira a força dos jornais periféricos que mantem ampla tiragem, como é o caso do O Tiempo. Conhecer a dinâmica dos jornais argentinos é importante para manutenção e inspiração dos jornais brasileiros”, explica. A presença dos jornais nas bancas é notória, por todos os espaços onde andamos, mas mostra além do gosto pela leitura, também, a credibilidade e aceitação, e mesmo com linhas editoriais diferenciadas são embutidos de informar com clareza e exatidão, finaliza Alex.